Como as melhores festas da FEA começaram

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Enviado por eopen em sex, 16/03/2012 - 16:48

O nascimento de algumas festas populares da FEA

Por Beatriz Montesanti

Quando cursava o terceiro ano em economia, Fernando Cymrot foi chamado para formar a chapa do Centro Acadêmico Visconde de Cairu. Já conhecendo bem seu problema em não saber dizer “não” para nada, aceitou o convite, sabendo das grandes responsabilidades que isso traria. Naquele ano, 2006, as eleições foram de chapa única, de forma que a Alvorada logo assumiu a gestão.

Como Diretor de Eventos, Fernando percebeu um certo afastamento dos alunos em relação a faculdade. “O feano já chega aqui com um olho no mercado, a aproximação com a faculdade se dá mais em eventos sociais”, comentou. No entanto, sentia que as festas nem sempre eram atraentes, além de custarem muito para o bolso dos alunos: “Eu mesmo não me sentia à vontade em convidar amigos de fora para festas”.

Assim, a nova gestão decidiu ter por objetivo resgatar o orgulho feano. Para tanto, elaboraram uma estratégia: recriar uma marca para, depois, venderem a ideia. O foco seria sempre o benefício do consumidor, no caso, os alunos da FEA. As festas não visariam qualquer lucro, sendo portanto baratas, com boas bebidas e cheias de atrações.

O próximo desafio, porém, seria reconquistar o público, que invariavelmente estava na faculdade apenas de passagem, entre o estágio e as provas. A solução pensada foi uma parceria com a comissão de formatura: desta forma, enquanto o centro acadêmico tinha representatividade entre os alunos de primeiro e segundo anos, a comissão fazia-se presente nos últimos anos.

Assim, com esta estratégia definida, o CA passou a juntar esforços para reinventar as festas da FEA. A primeira grande sacada foi logo no começo do ano, na semana dos bixos, que se encerra em uma tradicional cervejada, até então, no Rei das Batidas. Com o intuíto de baixar os custos, os diretores foram negociar um novo preço com o Rei, que não quis ceder no valor da cerveja, argumentando que a festa era, na verdade, um grande transtorno. Sem pensar duas vezes, os diretores deslocaram-se para o bar ao lado, recém-inaugurado, onde lançaram a propaganda: “Vocês serão a referência de bar para os novos alunos!”. E assim surgiu “O Imperador!”.

“Algumas pessoas foram contra porque quebraríamos uma tradição, mas estávamos, na verdade, aprimorando-a!”. A cervejada foi um grande sucesso: mais bem acomodados em uma rua bloqueada, com direito a banda e cerveja barata, calouros e veteranos lotaram o bar. “Deixamos um grande desafio para os anos seguintes”, comentou Fernando, ao lembrar da tradição de superar o ano anterior em um engradado de cerveja consumido. “Naquele ano, subimos 10 engradados”.

Ao longo dos meses, porém, os sucessos foram se superando: em maio surgiu o Feafantasia, uma festa open-bar com ingressos femininos a apenas 5 reais.Pensando em como viabilizar a festa em termos financeiros, decidiram usar o terreno vazio localizado atrás do restaurante Sweden. Os cartazes traziam exatamente isto escrito como endereço: “atrás do Sweden”. Foi depois da grande repercussão do evento que a gestão parou para pensar sobre isto. Se iriam manter o local para festas, ele definitivamente precisava de um nome, e foi assim que surgiu a Fearena.

Não parou por aí: em um surto criativo de fim de semestre, os diretores conceberam a ideia de uma festa funk. Ainda com um pouco de relutância e medo, decidiram arriscar: foram atrás de Mr. Catra, cujo sucesso “Adultério” dominava as paradas. “O Feafunk seria a festa para a gente arrepiar! Conseguimos o terraço do Sweden emprestado e, com medo de que o Catra desse o cano, deixamos reservado algumas caixas de tequila e vodka Absolut”. A lógica era simples: se não tivesse o esperado show, a gestão forneceria aos seus convidados o melhor open-bar custo-benefício já apresentado na história das festas universitárias. Ao final, Catra chegou tarde, mas chegou. Tocou pelos exatos 45 minutos contratados, porém isso não abalou a animação do evento: “Foi nossa festa de maior sucesso”.

No segundo semestre, como é de praxe acontecer em todas as gestões, a de Fernando também reduziu o ritmo das atividades, porém os eventos não pararam: seriam realizados, ainda, o Sushifea, a inauguração da vivência da Química e a Octoberfea, única festa do CA que já tinha um nome antes da Alvorada assumir. Ao final do ano, ainda organizaram um grande Bota-fora.

As consequências de noites viradas de planejamento, preparação, organização e, claro, festa, não foram pequenas: Fernando fez apenas oito créditos no primeiro semestre e nenhum no segundo. Em compensação, aprendeu a gerenciar grandes eventos e administrar estruturas gigantescas que envolviam inúmeros stakeholders. “Não tínhamos parcerias com empresas porque não visavamos o lucro, então partíamos sempre do nada. Aprendemos com nossos erros, além de atingirmos nosso objetivo de resgatar a relação do aluno com a FEA. Vemos tudo isso com muito orgulho”. Ao final, apesar de todo o trabalho, a gestão Alvorada aprendeu que, para fazer alguma coisa acontecer, basta ir atrás. Além, obviamente, de entrarem para a história da FEA.