Professores da FEA comentam o aumento do IPI

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Enviado por eopen em sex, 16/03/2012 - 16:33

Leda Maria Paulani e Rafael Costa Lima expõem seus pontos de vista sobre o aumento do IPI de carros

Por Beatriz Montesanti

Mais de um mês se passou desde que o governo decretou o aumento em 30 pontos percentuais no IPI de carros importados. Neste tempo, o Brasil está sendo contestado na OMC pelo Japão e Coreia do Sul, entre outros países; a GM iniciou uma campanha de demissão voluntária e as vendas em geral de veículos importados caíram sensivelmente.

A professora Leda Maria Paulani explica que a medida constitui uma reação do governo de indiretamente enfrentar o problema da sobrevalorização do câmbio: “Todos os importados estão muito mais baratos que os nossos carros, caros tanto no mercado interno como externo”.

Assim, o governo procura “dar uma reequilibrada em um setor muito importante e melhorar problemas de vazamento de impulso de demanda, que têm impacto fora do país, pois geram emprego lá, e não aqui”.

Já o professor Rafael Costa Lima não considera a medida adequada, justamente por tratar-se de um setor muito importante e simbólico na economia, podendo fazer com que outros setores tomem o mesmo caminho. De acordo com ele, o decreto “é claramente protecionista e favorece montadoras já instaladas, além de enfraquecer muito a concorrência no setor, principalmente numa época em que o ramo está mudando com a entrada dos chineses e coreanos”.

Em relação às possíveis consequências, Leda diz que “a princípio, carros nacionais ou produzidos por companhias nacionais ficarão mais baratos, e a demanada se direcionará para eles”. Ou seja, os maiores beneficiados serão os produtores nacionais e os trabalhadores dessas empresas.

Costa Lima reconhece que a medida a curto prazo preserva empregos, mas a longo prazo a considera nociva: “Ao mitigar o efeito da concorrência, o perdedor é o consumidor que, no Brasil, já compra carro inferior por preço maior”. Ainda, a medida além de aumentar os preços, dificulta a entrada de empresas. Para ele, a estratégia mais racional de entrada de veículos é trazer carros do exterior, readaptá-los aos padrões brasileiros e, uma vez o produto bem aceito no mercado, o custo de pruduzí-lo torna-se muito menor.

Até que ponto os benefícios e prejuízos serão repassados para o consumidor não está claro. Para Leda, “se os produtores se apropriarem desse subsídio sem diminuir os custos, não haverá o resultado que o governo espera, mas ele não tem muito como controlar isso. Provavelmente parte será apropriado. Mas as montadoras nacionais terão que mostrar para o governo que a medida terá resultado, senão ela pode ser revertida”, conclui.