Pesquisador da NYU fala sobre renda

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Enviado por eopen em sex, 16/03/2012 - 16:37

Adam Przeworki mostra que desigualdade não está necessariamente relacionada com riqueza

Por Beatriz Montesanti e Renata Hirota

“O encontramos a cada semestre na bibliografia de nosso curso”, apresentou a professora Maria Hermínia. Ela se referia a Adam Przeworki, da New York University, que na sexta-feira, 7 de outubro, esteve presente na FEA para falar sobre políticas econômicas de redistribuição de renda. A palestra fez parte do círculo de conferências Desafios da Globalidade.

“Por que é que alguns países tem uma distribuição de renda desigual persistente?”, incitou o professor. “Deveríamos pensar no tema de forma diferenciada do que fizemos até agora. A conclusão não será pessimista, mas talvez realista”, concluiu.

Para Przeworki, existem especificidades nas sociedades que estabelecem a eficácia de determinadas políticas, que talvez não funcionariam em outro lugares. Assim, “em algumas sociedades é necessário uma redistribuição maior do que em outras”.

Com gráficos do índice Gini, que mede a distribuição de renda dos países, o professor mostrou as grandes distâncias já esperadas entre países e também alguns dados nem tão previsíveis: atualmente, os Estados Unidos apresentam uma realidade mais desigual que a Argentina, por exemplo, e as retas provam como democracias não são mais igualitárias que autocracias. Mas o professor ressalva: “Há inúmeros problemas de contabilidade. Muito da renda não entra nas pesquisas”.

No entanto, como alterar um quadro de desigualdade? Przeworki ressaltou como, na verdade, toda e qualquer política pública influencia a distribuição de renda e não apenas aquelas diretamente relacionadas com impostos e transferências. Por exemplo, o valor do seguro de um carro altera de acordo com a probabilidade do veículo ser furtado. Essa probabilidade, porém, depende da política de segurança de determinado lugar, influenciando preços de serviços e produtos, assim como o poder de compra da população.

"Devemos ter cuidado com o termo 'redistribuição', e pensar em 'equalização', eu acho que é um termo mais apropriado. Devemos pensar: como podemos fazer com que a distribuição de renda seja mais igualitária?" Uma das propostas do professor é aumentar a capacidade de gerar renda daqueles que tem pouca capacidade.

Ele também criticou programas de incentivo ao crescimento. “Eles não ensinam as pessoas como fazer, ou seja, não levam a transformações. O problema é não tentar mudar a estrutura produtiva. Não é bom, a longo prazo, depender da redistribuição da renda de consumo."