Caixa de Negócios

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Enviado por eopen em sex, 16/03/2012 - 15:58

Aluno da FEAUSP, Oliver Tan Oh, inova e abre dois negócios que são verdadeiros cases de sucesso.

Por Christiane Silva Pinto

Em 1984, um economista americano resolveu deixar seu emprego como analista para trabalhar vendendo bagels, um tipo de pão muito popular nos Estados Unidos. A diferença entre o negócio de Paul Feldman e o de qualquer outro que vendia bagels era que Feldman deixava uma caixa ao lado dos pãezinhos, onde os clientes deveriam deixar o pagamento pelo que consumiam. Em poucos anos, o americano já distribuia 8.400 bagels em 140 pontos de venda diferentes. O que ele não poderia imaginar é que, quase vinte anos depois, sua história influenciaria dois jovens brasileiros a abrir seu próprio negócio. A experiência inspirou o feano Oliver Tan Oh e seu sócio a criarem a Caixa de Doces, que segue um modelo de vendas muito parecido com o aplicado pelo americano.

“Quando ele me falou da idéia pela primeira vez, achei que talvez teríamos um alto índice de inadimplência. Mas resolvemos fazer um teste mesmo assim”, conta Oliver sobre o momento em que seu sócio propôs o negócio. Ele tinha lido a história de Feldman no livro Freakonomics, de Steven D. Levitt e Stephen J. Dubner. Apesar do receio da tentativa do empreendimento acabar em prejuízo, o que estimulou a dupla foi a ideia de reverter parte dos lucros para instituições de caridade.

O negócio funciona da seguinte maneira: a Caixa de Doces é deixada repleta de guloseimas no escritório da empresa que já autorizou a entrada da equipe. Quem quiser pode pegar um doce e o respectivo pagamento deve ser depositado em uma urna, na própria Caixa. Caso o comprador não possua os valores trocados, todo o valor excedente colocado na urna será revertido para ações sociais em prol de crianças e jovens. Na data marcada, a equipe retira a caixa e a substitui por outra com novos e deliciosos doces.

“Desde o início planejamos doar o dinheiro excedente e uma parte dos lucros. É uma prática que traz muito prazer. Já tivemos no passado, em outro projeto, a oportunidade de ajudar instituições de caridade e achamos que é uma prática que todas as empresas deveriam se engajar”. O dinheiro arrecadado até agora já vem convertido em doações e  ações sociais. “No ano passado estávamos doando dinheiro para ONG's, mas percebemos que não é o mesmo do que organizar uma ação própria. A primeira foi a da páscoa e a próxima deve ser uma doação de livros”, conta Oliver.


Além da Caixa de Doces, em 2010 Oliver lançou, em parceria com um sócio, a Caixa Vermelha, um site de vendas um pouco diferente dos demais. Ao invés de produtos ou cupons de desconto, o site vende experiências. “Em 2006 encontrei um amigo que tinha passado uma temporada em Londres e ele me contou de uma empresa que vendia experiências na Inglaterra. Essa ideia me fascinou muito, porém na época nem me ocorreu começar algo do tipo no Brasil. Em 2007 passei um ano na Europa pelo CCInt e aproveitei para conhecer mais este tipo de negócio. No final de 2008 encontrei um amigo da época do colégio e comentei sobre modelo de negócio, ele adorou e começamos a planejar”

Para Oliver, a principal diferença entre vender experiências e vender qualquer outro tipo de produto está no envolvimento do comprador. “Quando você dá de presente um cupom, ou estes guias nos quais você pode escolher um passeio para fazer, o presenteado sente o mesmo que ganhar um vale, ele não sente o seu envolvimento no presente. Quando você recebe uma experiência da Caixa Vermelha, ela vem personalizada com um cartão com o nome do presenteado e uma mensagem pessoal redigida pelo comprador. Além disso, o comprador escolhe uma experiência específica para o presenteado, o que torna o presente ainda mais pessoal”, diz.

Segundo Oliver neste ano de atividades da Caixa  Vermelha, o retorno financeiro ainda não atingiu o patamar desejado, principalmente por causa da divulgação. “O Marketing é muito caro e temos trabalhado com formas mais baratas, ou até mesmo gratuitas de marketing. Um exemplo disso é o trabalho de SEO que temos feito, que é mexer na arquitetura do site para que ele apareça antes na busca orgânica do Google e de outros mecanismos de busca. Já tentamos também outros tipos de mídia, como o google Adwords, Facebook Ads e o Email Marketing”.

Mesmo jovem e já sendo um exemplo em empreendedorismo, o feano acredita que a atividade não seja muito encorajada no Brasil. “Algo que considero essencial para o que tenho desenvolvido é a "persistência". Lembro de uma das poucas aulas de empreendedorimo que tive na FEA, em que o palestrante falava que o empreendedor tem de ter confiança no que está fazendo. Na maioria das vezes, quando conto de uma ideia nova para meus amigos e familiares, uma boa parte me desencoraja e sempre vê demasiados empecilhos. É claro que na hora de escolher um novo projeto estudo os empecilhos e os "contras", porém percebo que no Brasil as pessoas não têm muito deste espirito empreendedor. Se tivesse seguido os conselhos que recebi dificilmente teria aberto uma empresa própria”. Apesar de todas as dificuldades, Oliver acreditou em suas idéias e as levou em frente. “E é claro que o conhecimento necessário para administrar uma start-up, onde o empreendedor tem que fazer tudo, veio em grande parte dos meus anos na FEA”, afirma.

Para Oliver, a faculdade influencia positivamente sua carreira e suas experiências. “Com certeza a rede contatos que a FEA me proporcionou é um dos pontos chave na minha carreira”, diz.