> Laércio Cosentino, Feano e CEO da empresa Totvs, retornou à faculdade para uma conversa.
Por Beatriz Montesanti
O projeto Liderança na Prática, organizado por uma parceria entre a Fundação Estudar, a Revista Exame e centros acadêmicos, é parte de um circuito universitário que pretende aproximar entidades universitárias a grandes líderes. Nesta edição, o projeto trouxe Laércio Cosentino, CEO da Totvs, à FEA. A empresa Totvs é hoje líder nacional em tecnologia de informática e Cosentino é grande responsável por esse sucesso.
Em uma conversa conduzida pela Revista Exame, o CEO contou à platéia como, ao mesmo tempo, cursava engenharia na Poli, economia na FEA e trabalhava. “Comecei a trabalhar no meu primeiro dia de aula na USP. Saí daqui e fui para a empresa de um amigo do meu pai, a Siga, onde fiquei por cinco anos. Comecei como estagiário, até virar sócio”, disse.
Durante os anos de faculdade, Consentino aprendeu a fazer sistemas em computadores de grande porte, porém quando começou a trabalhar com TI, era o início do aparecimento dos micro-computadores no mundo. “Pegamos o conhecimento que tínhamos no grande porte para levar para os pequenos. Bill Gates disse na época que um dia todos os lares teriam PC, e nós pensamos que então as pequenas e médias empresas teriam muitos PC’s, e precisávamos desenvolver sistemas para elas. Foi aí que criamos a Microsiga”.
Para o CEO, na década de 80 surgiu uma nova cultura ligada aos computadores, mas não se tinha conhecimento sobre ela. “Tínhamos que definir o uso de alguma coisa e correr para escrever um livro para ensinar as pessoas. É mais ou menos o que acontece hoje, o país está crescendo, mas não temos mão-de-obra qualificada para acompanhar esse crescimento”.
Para ele, antes tínhamos que buscar conhecimento, hoje temos que compartilhar. “O que muda é esse conceito, mas no final, tanto antes como agora, todos gostamos de oportunidades. Queremos enxergar uma oportunidade maior”.
Como se destacar no mercado
Quanto à contratação e formação de uma boa equipe de trabalho, Consentino acentuou a importância da diversidade: “Sempre fomos ecléticos na contratação, mas optamos por pessoas com vontade de trabalhar e que compartilhassem nosso sonho de criar isso.
Procuramos pessoas com garra, vontade, determinação”. O último processo para trainees contou com 3000 inscritos, dos quais apenas nove foram selecionados. “Precisamos estar constantemente renovando, gerando oportunidades”, comentou.
Na definição do CEO, talento é conseguir perceber, tomar uma atitude, ser percebido e saber se relacionar. “Para ter a grande empresa fazendo o mesmo que todo mundo faz, você tem que pensar diferente”.
A Totvs, por exemplo, foi uma das poucas empresas nacionais a se preparar para o processo de abertura de capital. No relato de seu fundador, as negociações se deram em pleno 11 de setembro de 2001: “Estávamos em um call com Nova Iorque para abrir o capital da empresa. De repente, eles tiveram que desligar porque aconteceu alguma coisa estranha na cidade. Quando vimos o que era, o sonho foi embora e só conseguimos abrir o capital em 2006”. E depois da abertura, o que mudou? “Muito pouco, pois já praticávamos todas as regras de uma empresa de estado”.
E, afinal, por que uma empresa que nasceu pequena, na Mooca, hoje é tão grande? “Sempre prezamos muito pela diferença das pessoas que estão ao redor de nossa empresa. O que aprendi de mais valioso nas integrações que realizamos para crescer, foi não abrir mão dos meus valores e daquilo que pretendia fazer”. A única coisa de que abriram mão foi a marca Microsiga, que se tornou Totvs a fim de fortalecer-se. Não à toa, hoje têm cerca de 26 mil clientes e dois milhões de usuários.
Ao fim da palestra, Laércio Consentino comentou sua concepção de liderança: “O líder começa a surgir quando você vira um objeto de desejo. Alguém olha e diz: gostaria de ser como aquela pessoa. Acredito nos seus valores, sonhos, ideais, objetivos. Um líder para mim é quem consegue pensar um pouco diferente e trazer pessoas para o seu redor”.