Brigas, confusões e rivalidades na época que a FEAUSP ainda era localizada na rua Doutor Vila Nova
Por Beatriz Montesanti
Se for para falar de briga, as maiores lembranças de Campomar não eram bem as de jogos. Nos tempos de chumbo, quando a FEA ainda se localizava na rua Vila Nova, o então estudante se encontrou, de repente, em meio ao conflito da Maria Antônia.
“A briga foi entre o pessoal do Mackenzie, e as meninas da Filosofia. Tinha uma porta na Filosofia, embaixo do centro acadêmico, que saia na rua Vila Nova, e tudo aconteceu à tarde, quando não tinha ninguém. O pessoal do direito e da engenharia lá do Mackenzie começou a jogar ácido e pedra nas meninas e elas vieram chamar a gente. Então alguns alunos da economia foram para a rua, para a Dr. Vila Nova e para a Maria Antônia, para defender a Filosofia. Inclusive, um aluno da economia, jogaram um vidro com ácido e queimou a perna dele. Ele estava do meu lado. Nós, da Economia, não estavamos na briga a principio, mas fomos para defender o pessoal da Filosofia contra o ataque do Mackenzie que destruiu a Maria Antônia”.
Ainda, na época da invasão do Comando de Caça aos Comunistas, o pessoal apresentava a peça Roda Viva, que era uma peça contra-revolução. O pessoal do CCC um dia foi lá, invadiu e bateu nos artistas. Então todo dia que tinha peça, eles iam nas faculdades buscar gente para ajudar a proteger os atores. Eu mesmo fui uma vez. Sempre ia um grupo da FEA. A gente pegava uns canos de ferro, escondia e ficava no teatro. Assistíamos a peça umas 3, 4 vezes. Fazíamos o curso noturno, então matávamos aula para ficar lá com o pedaço de cano escondido para proteger os atores.