Recrutamento de profissionais no ramo de tecnologia

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Enviado por eopen em qua, 07/11/2012 - 15:37

> Palestra com recrutadora do Facebook analisa seleção de profissionais no ramo de tecnologia

Por: Guilherme Speranzini

Carolina Verdelho é formada em psicologia e especializada em gestão de pessoas. Ao longo de sua relativamente curta, mas já expressiva carreira, teve passagens pela Fesa, companhia voltada para a busca e seleção de profissionais, e pelas gigantes Dell e Oracle. Nenhum de seus cargos anteriores é, no entanto, tão invejado quanto o atual: ela trabalha como recrutadora para o Facebook.

Durante a palestra "Os bits e bytes do recrutamento em tecnologia", realizada dia 18 de outubro na FEA, Carolina falou sobre os processos seletivos do ramo, o mercado nacional, e sobre seu trabalho, que abrange o Brasil e a América Latina.

A psicóloga iniciou sua fala salientando o crescimento do Brasil no panorama internacional, ressaltando as oportunidades que têm surgido com essa explosão de novas empresas e de capital. Esse cenário cheio de potencial traz consigo, no entanto, alguns perigos. "Estamos chegando a números onde o profissional brasileiro ainda não tem experiência. São águas nunca antes navegadas", afirmou a recrutadora.

O crescimento do mercado brasileiro tem sido tão acelerado, quem vem resultando num apagão de talentos, tanto quantitativamente (menor oferta de profissionais) quanto qualitativamente (candidatos que estão disponíveis são mal qualificados). Por esses motivos, explicou, quando um bom candidato aparece, a velocidade na contratação tem que ser alta, visto que são grandes as chances de ele estar participando simultaneamente de outros processos seletivos.

Outra dificuldade da área de recrutamento, apontou Carolina, é ter que lidar com um constante conflito de interesses. "Enquanto a empresa quer uma maior produtividade por headcount," explicou a psicóloga, "o empregado quer ganhar mais, trabalhando menos".

Isso é especialmente verdadeiro entre os profissionais recém-entrados no mercado trabalho, membros da geração Y. "Eles estão lutando por coisas que nós [geração X] sempre quisemos", disse Carolina. Principalmente no que diz respeito a qualidade de vida, as preocupações desses jovens parecem ser diferentes, com prioridade a morar perto do escritório e trabalhar poucas horas por dia.

As mudanças ao longo dos anos se fazem visíveis nas habilidades desejadas nesses novos prospectos. "Essa geração tem uma cobrança diferente da nossa: o processamento de informação" elucidou Carolina. Hoje, parece ficar em segundo plano o antes almejado conhecimento enciclopédico.

Entre os quesitos mais importantes na lista de exigências das empresas de tecnologia está a fluência na língua inglesa. A prioridade número um, entretanto, não exige conhecimento acadêmico: saber trabalhar em equipe. "Nós somos contratados pelo [aspecto] técnico, mas somos demitidos pelo comportamental", afirmou a palestrante. Segundo ela, é mais fácil adquirir conhecimento técnico do que aprender como se comportar em grupo. Curiosamente, no entanto, é que por esse motivo o próprio Mark Zuckerberg, criador do Facebook, dificilmente seria priorizado em um processo seletivo.

Para escolher o profissional apropriado para o cargo, ainda é preciso levar em conta qual é a possibilidade do candidato efetivamente se encaixar na empresa. Uma companhia tradicional do setor industrial dificilmente conseguiria satisfazer plenamente um funcionário saído de uma empresa de ponta do ramo de tecnologia.

Quanto aos candidatos, Carolina aconselha que mantenham uma visão crítica e consciente a respeito do próprio perfil. É importante refletir a respeito do próprio valor no mercado e sobre quais são seus diferenciais. "Não adianta eu querer trabalhar numa grande empresa, com toda a qualidade de vida que ela tem a oferecer, se eu não sei falar inglês, por exemplo", completou a recrutadora.