O empreendedorismo está na moda (e na internet)

Você está aqui

Enviado por eopen em qua, 27/11/2013 - 14:35

> O mercado de moda tem crescido muito no Brasil e tem atraído muitos Feanos

Por Gabriela Stocco

Quando concluem seus estudos e entram no mundo dos negócios, muitas pessoas pensam em trilhar uma carreira como executivos de grandes empresas. No entanto, alguns feanos mostram que é possível empreender em uma área que tem crescido muito no Brasil, a moda. Vanessa Gomes, formada em economia, e Alexandre Veiga, que cursou administração, criaram seus próprios negócios de moda na internet.

Vanessa hoje se divide entre São Paulo e Londres cuidando de um projeto que deve entrar no ar nos próximos meses, o site Alice’s Wardrobe - ou Guarda-roupas da Alice. Ela explica: “É uma mídia social focada em moda que coloca no mesmo ambiente profissionais de moda e usuários comuns, como eu e você. O site ajuda o usuário comum a organizar o seu guarda-roupas, planejar seus looks, o que deve ser levado em uma viagem e dividir isso tudo com amigos”. Além disso, profissionais de moda, como blogueiros, consultores e designers podem ter páginas, que serão seguidas pelos usuários.

Ela conta que o objetivo do site é resolver “pontos de dor”: “A essência do empreendedorismo, para mim, é resolver ‘pontos de dor’ (pain points), pois quando você resolve um problema, as pessoas demandam esse produto”. Também sobre o projeto, afirma: “Me dá muito prazer e ao mesmo tempo é um mercado que eu acho interessante. O importante é você ter paixão pelo que faz, e isso eu tenho muito”.

Antes desse projeto, Vanessa trabalhou em bancos, foi analista de investimentos e economista. Após a graduação, ela cursou um mestrado em finanças na Universidade de Cambridge e trabalhou em Londres por um período.

Vanessa comenta que seus estudos na FEA contribuem muito para sua função atual: “Embora eu seja empresária, eu amo economia. Eu acho que para mim foi muito útil, para ter uma visão estratégica, considerar variáveis, entender oportunidades, ter um raciocínio lógico. Sem dúvida nenhuma o curso de economia me ajudou bastante”.

Ela ainda aconselha os que desejam ter sua própria empresa a aproveitar todo tipo de experiência e estar aberto a ter um perfil mais generalista e versátil: “É importante trabalhar em diferentes empregos e áreas. Tudo isso vai te agregar muito conhecimento e vai te ajudar muito quando você tiver sua empresa. É extremamente importante entender o processo todo. Você não precisa ser empresário assim que sair da faculdade. Você pode ser empregado e ter em mente que tudo o que aprender vai te formar um empresário”.

Vanessa afirma: “O curso de economia é muito focado, não forma empreendedores, mas dá um poder de análise incrível. Não tive o conhecimento generalista no curso de economia, mas tive nos empregos depois disso”.

Alexandre Veiga cursou administração na FEA e há um ano trabalha em sua nova empresa, o site basico.com, que entrou no ar em 1 de julho de 2013. A proposta é vender online sua própria marca de peças básicas de qualidade, “o melhor produto possível pelo preço mais justo possível”. Alexandre afirma: “Sou básico. Assim me sinto bem em qualquer lugar, não me sinto um forasteiro”.

Ele conta que há cinco anos investe em empresas na internet em estágio inicial. Para ele, a vantagem da internet é o maior alcance: “Logo que a empresa começa a funcionar, você pode se abrir para o Brasil e até para o mundo. É diferente de uma loja em um shopping. Além disso, você pode fazer testes o tempo todo para saber como seu cliente reage melhor. O gmail, por exemplo, faz testes e pequenas mudanças o tempo todo sem nos avisar”.

Alexandre também tem suas dicas para os alunos da FEA. Ele afirma que o mundo real é muito diferente da sala de aula e por isso, é importante experimentar e trabalhar em áreas diferentes: “Não se prendam à sala de aula”.

 

O outro lado da moda

Se por um lado podemos imaginar que a visão estratégica e de oportunidades leve alguns feanos a trabalharem com business de moda, mercado crescente no país, parece mais difícil encontrar um feano que efetivamente faça a moda.

Esse é o caso de Ester Jihye Lee, que se formou em administração da FEA em 2009 e mudou completamente sua carreira, partindo para a área de design de moda.

Ester passou por grandes empresas como American Express e P&G, no entanto seu sonho era outro. “Em 2010, resolvi mudar de carreira e investir no meu sonho em trabalhar na moda. Eu digo mudar de carreira porque eu não queria trabalhar em business de moda, mas na criação de moda”, ela afirma.

Em 2011, ela cursou um semestre de Bacharelado de Design de Moda no Senac, ao mesmo tempo que começou a trabalhar na empresa dos pais que “desenvolve e produz alfaiataria de luxo para as melhores marcas de São Paulo, com participação constante na São Paulo Fashion Week”. A empresa faz colaboração para marcas como Cris Barros, Alexandre Herchcovitch, Gloria Coelho, Tufi Duek, Lita Mortari, Fillity, Carlos Miele.

No entanto, Ester conta que desejava um desafio maior. Assim, foi para Milão, na Itália, estudar moda no conceituado Istituto Marangoni. Formou-se em junho de 2013 e agora participa do mestrado de Design em Moda Feminina, durante o qual estão previstas colaborações com marcas como Prada, Giambatista Valli e Max Mara.

Durante as férias do Marangoni, Ester foi convidada para trabalhar com o Instituto de Pesquisa de Automação da Universidade de Seul, na Coreia. Ela explica: “Eles têm um departamento onde utilizam física e a tecnologia de simulação e animação para projetar vestuário virtual. É a tecnologia utilizada para projetar o vestuário do Shrek”.

Neste projeto, é possível criar a modelagem diretamente em um software chamado DC Suite. Ele projeta a roupa virtual em um avatar, permitindo antecipar possíveis problemas ou correções necessárias antes mesmo de uma roupa real ser costurada. Esse processo permite uma economia de tecido: “Você deve pensar que o tecido é uma matéria-prima extremamente cara. Obviamente, estamos falando de tecidos de qualidade, importados da Itália, que custam no mínimo 100 reais ao metro, podendo chegar a 500 ou ate 1000 reais o metro”, afirma Ester.

Mesmo tendo mudado de carreira, Ester conta que seus estudos na FEA a ajudam muito profissionalmente: “Vamos dizer que me sinto muito diferente em comparação a outros alunos. Desenvolvi uma capacidade de resolver problemas, trabalhar sobre pressão, liderar um grupo, entender o que se quer, o que devo mostrar, que é muito próximo da psicologia do consumidor. Isso me ajudou a ter feedbacks muito bons dos professores aqui em Milão e já me avaliaram como uma profissional madura e experiente antes mesmo de trabalhar como estilista”.

Ela ainda dá dicas para os estudantes da FEA, sugerindo que façam intercâmbio e aproveitar o campus para fazer amizades não só dentro da FEA, mas na USP, que tenham pensamentos e objetivos diferentes.

“Quando chegar o momento do estágio, os alunos devem aprender principalmente uma coisa: ao invés de se preocupar em se mostrar ‘eficiente, efetivo, dinâmico e social’, aproveite para treinar a pensar de modo estruturado, analítico e orientado a resolução de problemas. Esse foco serve a qualquer área de interesse que você queira desenvolver sua carreira. Acredite, com os anos você pode acabar trabalhando com coisas ou em áreas que não poderia imaginar antes. E assim, a efetivação é consequência, e trabalhar aonde você quiser será mais do que um processo natural na sua vida”, aconselha Ester.