Estudantes da FEA transformaram voluntariado em rede social

Por: Rodrigo Dias Gomes

Quatro estudantes de Administração e uma ideia de unir redes sociais ao voluntariado: assim surgiu o Atados. Com o slogan “Juntando gente boa”, o site traz a oportunidade ideal para quem tem o desejo fazer trabalhos voluntários, fazendo a ponte entre usuários e instituições. “O que a gente quer fazer é conectar as instituições que tem necessidades voluntárias com pessoas que não sabem exatamente como agir pra fazer esse tipo de trabalho”, conta Daniel Morais, um dos idealizadores do projeto.

Além de Daniel, fazem parte do projeto os alunos Andre Cervi, Bruno Tataren, Luis Madaleno, todos do quinto ano de Administração na FEA. Os quatro tinham em comum o pensamento de montar o próprio negócio, e a ideia de juntar isso ao trabalho voluntário se deu justamente pela vontade dos jovens em participar de ações desse tipo, além de uma reflexão de que faltava, justamente, algum meio que estimulasse o trabalho voluntário nas mídias sociais, com informações sobre como e quando ajudar. “As pessoas podem até encontrar instituições, mas não sabem exatamente do que elas precisam. Hoje em dia, ninguém tem essa informação de forma clara e centralizada”, explica Bruno. Para ele, o objetivo principal do Atados é justamente inverter esse quadro.

O projeto nasceu há 6 meses, e conta com cerca de 70 ONGs parceiras, além de centenas de usuários pré-cadastrados. A criação de uma rede de pessoas dispostas a realizar trabalhos voluntários é a grande chave para o sucesso do projeto. “Apostamos muito na ideia de fazer atos com amigos, porque atrai muito as pessoas”, conta  Daniel.

A estrutura básica de funcionamento do site é a criação de atos, por parte das instituições parceiras. Cada ONG possui uma página no Atados, onde esses atos são registrados, e estes também possuem sua própria página. Nela, estão contidas todas as informações necessárias para que o usuário saiba exatamente como proceder diante do trabalho voluntário. Existem diversos tipos de atos, desde leitura de livros para deficientes visuais até participação em eventos comunitários, e alguns necessitam de algumas características prévias do voluntário. A estimativa inicial de lançamento do site é de 130 atos, que contemplam mais 3000 vagas para voluntários, porém, o número crescerá conforme a necessidade das instituições.

Basicamente, os atos serão classificados em 4 tipos: pontuais, que remetem a trabalhos específicos que não ocorrem com frequência; recorrentes, que se repetem com certa frequência; à distância, que são atos não presenciais (como ajudar na elaboração de sites); e atos de doação, atendendo a uma demanda material das instituições.

Cada usuário terá uma espécie de controle de presença, que indicará se a pessoa realmente fez o trabalho a que se dispôs. Deste modo, o site pretende evitar problemas de comprometimento com as instituições. Outro recurso é o compartilhamento de ações realizadas com outras redes sociais, como o Facebook.

O projeto vem rendendo frutos muito positivos aos quatro estudantes. Além do sonho de montar o próprio negócio e trabalhar com aquilo que gostam, os jovens vem se destacando em competições de ideias na área do empreendedorismo. Recentemente, o grupo se classificou para a etapa final do Ideias Já, realizado pela Startup House, e venceu a competição da consultoria ATKearney, o que lhes garantiu participação na Falling Walls Conference, que será realizada em Berlim, no dia 9 de novembro. “Em relação ao nosso projeto, a gente pode sentir que o Atados é diferenciado em relação aos outros, por ser um negócio social com grande potencial de escala”, afirma Bruno.

Mais do que o sucesso da ideia, o que fica é a conclusão de que existe espaço para o trabalho voluntário no Brasil, basta dar o primeiro passo, que, na opinião do grupo, é o mais difícil. É com esse intuito que nasce o site que tem de tudo para alavancar o espírito de ajuda entre as pessoas. “Fazer trabalho voluntário é uma via de duas mãos. Quando você faz um trabalho que te agrega pessoalmente, ele também se torna uma forma de aprendizado.”, conta André Cervi. E você, está pronto para se atar?