Energia Hidrelétrica no Brasil: crise de investimento e seca

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Enviado por eopen em seg, 31/08/2015 - 13:46

A IX Conferência de Centrais Hidrelétricas reuniu especialistas para discutir o futuro da matriz energética.

A IX Conferência de Centrais Hidrelétricas, que ocorreu nos dias 11 e 12 de agosto na FEAUSP, reuniu especialistas para discutir o futuro dessa matriz energética diante dos desafios da falta de investimentos e do período de seca. Uma realização do Instituto de Energia e Ambiente (IEE-USP), da FEAUSP e do centro de referências em pequenas centrais hidrelétricas da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), o evento, foi coordenado pelos professores Isak Kruglianskas (FEA) e Geraldo Lúcio Tiago Filho (Unifei).

O professor Colombo Celso GaetaTassinari, vice-diretor do IEE, explicou que as hidrelétricas são “a principal matriz de energia no país”, correspondendo a 90% do que produzimos. A Rede Hidrometeorológica Nacional, conforme dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), é composta hoje por 5.138 estações, sendo 2.234 pluviométricas (abastecidas por águas da chuva), 1.874 fluviométricas (abastecidas por águas dos rios) e 1.030 de outros tipos. A energia gerada por elas atende a cerca de 92% dos domicílios no país. Apesar da importância, Tassinari afirma que o setor “está em uma crise muito forte”.

Segundo dados do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), 85% dos reservatórios das hidrelétricas está com nível menor do que o registrado em 2001, ano em que o país enfrentou um racionamento de energia. Isso porque a estiagem atingiu 18 dos 21 principais reservatórios do país. Com a falta de chuvas e o baixo nível das represas, as termelétricas foram incorporadas ao sistema para manter a produção energética, elevando o custo do megawatt/hora (MWh) a patamares recordes. Mesmo assim, a ocorrência de apagões se torna mais frequente.

O cenário incerto sobre o abastecimento de água, e consequentemente sobre o custo da energia, deixa os investidores receosos. A professora Virginia Parente, do IEE-USP, afirmou que “precisamos de políticas constantes” para que as pessoas que trabalham no setor não mudem a área de investimentos: “A prioridade número um é manter o fornecimento, e a número dois é manter o preço”.

O professor Geraldo Filho, da Unifei, afirmou que é essencial melhorar o planejamento e a gestão na área, pois acredita que estamos desperdiçando o nosso potencial: “É um setor que temos domínio tecnológico e podemos competir internacionalmente. Temos fabricantes, construtores e projetistas, mas eles estão sendo desmobilizados”.

Autora: Thaís do Vale